domingo, 3 de maio de 2009

Câmara quer retirar 15% dos carros de Lisboa

A autarquia lisboeta pretende reduzir em 15%, até 2020, o número de veículos que diariamente entram e circulam na capital. O objectivo é assumido na proposta preliminar de revisão do Plano Director Municipal (PDM), que será discutido ao longo dos próximos meses. A apresentação pública será na próxima quarta-feira.

Na política de mobilidade e transportes avulta ainda a meta de "estender o estacionamento condicionado na via pública à totalidade do concelho". Por outro lado, pretende-se "conter o estacionamento de longa duração" (acima das três horas) nas zonas centrais da cidade e assume-se o "preço como instrumento de controlo". Isto é: a factura a pagar será tão pesada que o melhor é utilizar os transportes colectivos. Está ainda prevista a criação de zonas com uma velocidade máxima de 30 kms/hora "em todos os bairros da cidade", para os "proteger" do tráfego de atravessamento.

A proposta preliminar, já do conhecimento dos vários partidos e movimentos com assento na Câmara, é o primeiro passo da caminhada de aprovação do PDM, o instrumento que define as linhas de forças da política municipal de urbanismo e de ordenamento do território.

O documento preliminar elege cinco "novos pólos emergentes" na cidade, com forte aposta no terciário e em equipamentos de nível superior: a área envolvente à estação do Oriente (beneficiando da gare do TGV e das ligações ao futuro aeroporto); o Parque Hospitalar Oriental (englobando o Instituto Português de Oncologia e o Hospital de Todos os Santos); o eixo Entre-Campos/Praça de Espanha /Sete Rios (com a desactivação da Feira Popular e a eventual reconversão das oficinas do Metro); Amoreiras/Alto de Campolide (salientando-se a reconversão do quartel da Rua de Artilharia 1 e o novo Campus da Universidade Nova); e Alcântara (com o novo nó rodo-ferroviário).

Como áreas especializadas de actividade económicas e de I&D (investigação e desenvolvimento), a proposta elenca quatro: a Avenida Marechal Gomes da Costa, para a instalação de um de informação e comunicação; o Aeroporto da Portela, no cenário da sua desactivação após a conclusão da pista de Alcochete, em que a aposta num "pulmão verde" deixaria, no entanto, espaço ao "aparecimento de novas tipologias de actividades económicas"; o Parque Tecnológico Lispólis, na zona de Lumiar-Telheiras, que será expandido; e a Doca de Pedrouços, em que ao Instituto das Pescas, da Investigação e do Mar se somará a Fundação Champalimaud.

Embora o documento seja de carácter genérico, com definição de linhas estratégicas, ele evidencia ou encaixa em opções do actual executivo - por exemplo: desactivação da Portela; modo rodoviário na terceira ponte; e alargamento do terminal de contentores de Alcântara - que permitem antecipar uma batalha política durante a discussão do PDM.

Mesmo que na Câmara o PS consiga a aprovação das actuais orientações, aqueles três pontos têm a discordância do candidato do PSD, Pedro Santana Lopes. E os social-democratas possuem uma confortável maioria na Assembleia Municipal, órgão responsável pela última aprovação (entretanto, o PDM será sujeito a uma discussão pública). Circunstância que torna muito provável o cenário em que a revisão do PDM (o que vigora data de 1994) vai iniciar-se, mas não ficará concluída no actual mandato. In Expresso 1/5/2009

FOTO: as pistas estéreis do aeroporto de Lisboa darão lugar a um grande parque verde segundo proposta do novo PDM. Imagem de 1953 do fotógrafo Kurt Pinto. Fonte: Arquivo Municipal de Lisboa

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