domingo, 17 de junho de 2012

Visita da LAJB ao Palácio e Jardim Sousa Leal








PALÁCIO DOS PEDROSAS (1831-1860)
Data do ano de 1800 a primeira notícia que há da construção de um "palácio" pelo Comendador Manuel José da Silva Franco. O imóvel foi por sua vez comprado em 1831 pelo desembargador José António da Silva Pedrosa que aqui viveu até ao ano de 1842 altura em que faleceu. A viúva e os filhos ficaram na posse do palácio e nele habitaram até 1856 ano da morte da viúva D. Rita Camila. Os interiores do palácio receberam importantes remodelações pela família Pedrosa: do Brasil vieram madeiras valiosas para sobrados e tectos.

PALÁCIO SOUSA LEAL (1885-1911)
Após um período em que o palácio esteve desabitado, de 1858 a 1860, foi adquirido pelo capitalista JOSÉ DE OLIVEIRA DE SOUSA LEAL que fez fortuna nas colónias de África. José de Sousa Leal fundou em Lisboa uma importante organização comercial com o objectivo de fazer transações com o continente Africano, para o que possuía uma frota de barcos para transporte de mercadorias. O Comendador José de Oliveira de Sousa Leal faleceu em Outubro de 1881 e a propriedade passou por herança para o filho ALFREDO DE OLIVEIRA DE SOUSA LEAL. Herdando a enorme fortuna paterna, Alfredo Leal foi também figura de relevo na época, ocupando lugares de importância tais como os de Director da Companhia do Gás e Director do Banco de Portugal.

Em harmonia com a situação financeira e social, e casando por volta de 1884 com Dona Adelaide Carolina Lambruschini-Rapeto, descendente de família nobre genovesa, Alfredo Leal toma a decisão de se instalar no Palácio dos Pedrosas. Situado a dois passos da luxuosa Avenida da Liberdade (inaugurada em 28 Abril 1886) e com mais de 600m2 de área de jardim, os interiores iriam ser alvo de um complexo processo de remodelação de modo a transformá-lo numa luxuosa habitação.

Alfredo Leal submete à Câmara Municipal de Lisboa um «Projecto para as modificações exteriores e interiores» no dia 11 de Fevereiro de 1885 – que foi deferido logo a 25 de Fevereiro de 1885 (obra nº 9460, Arquivo Municipal de Lisboa). As obras decorreram pelo menos até finais de 1886 pois a 3 de Março desse ano é entregue um pedido de prorrogação da licença de obras por mais 8 meses. Mas os últimos detalhes de decoração estariam ainda a decorrer em 1887 pois essa data surge em várias telas a óleo dos tectos do andar nobre.

Para além da decoração que foi realizada em todo o interior, também há a destacar as seguintes alterações: a escadaria e entrada nobre passou para o pátio norte; foi criada uma nova escadaria em espiral para ligar todos os pisos; no piso das lojas, com entrada directa para a Rua de S. José, para além das cocheiras foram criadas instalações para os escritórios com casa-forte, espaços ainda hoje existentes. Os dois pátios que ladeiam a fachada do Palácio a norte e sul foram remodelados com a substituição dos antigos muros e portais por gradeamento de ferro, ao centro do qual se abrem portões de ferro fundido com pares de lampadários para a novidade da iluminação a gás. Nos interiores foram redecorados mais de 4000m2 de área, com destaque para os espaços do andar nobre: Sala de Entrada, Sala de Música, Sala de Visitas, Sala de Baile, Sala de Bilhar, Sala de Fumo e a Sala de Jantar.

Sousa Leal deve ter estreado a sua nova residência e parque em 1888, justamente na época em que se lançava num grande novo empreendimento: por contrato com o Governo aprovado em 4 de Junho de 1887 assumiu, juntamente com António de Sousa Lara, o encargo de estabelecer carreiras regulares de navios entre a Metrópole e as colónias em África. Foi constituída uma sociedade constituída por 35 indivíduos e firmas comerciais sob a designação de Mala Real Portuguesa, de que Alfredo de Sousa Leal era o principal capitalista.

JARDIM e PARQUE SOUSA LEAL

Para além dos cerca de 600m2 de jardim e pátios, Alfredo de Sousa Leal comprou em 1885 o parque que se estende pela íngreme colina que vai das traseiras do edifício até ao Torel. Toda esta área, que veio valorizar muito o Palácio, recebeu um traçado orgânico de caminhos, canteiros e foi plantada com palmeiras e diversas árvores ornamentais como era moda na época. Referência ainda ao precioso Roseiral que Alfredo de Sousa Leal cultivava com especial carinho no jardim formal atrás do andar nobre do Palácio.

A Mala Real Portuguesa acabou por falir em 1891 e Sousa Leal perdeu mais de metade da fortuna que herdara de seu pai – uma perda que não conseguiria recuperar. Os bailes e festas pararam e não vieram a dar-se no palácio mais do que festas íntimas com poucos convidados. Em 1911, Alfredo de Sousa Leal abandona o palácio indo residir para um banal apartamento na Rua Andrade na freguesia dos Anjos.

PALÁCIO sede da Administração dos CTT (1912-2010)

A 30 de Dezembro de 1911 assinava-se o contrato de arrendamento do palácio à ADMINISTRAÇÃO GERAL DOS CORREIOS E TELÉGRAFOS. Alguns dias depois Alfredo de Sousa Leal morre, a 5 de JANEIRO de 1912, com 57 anos. A viúva, D. Adelaide de Sousa Leal, viria a falecer em Janeiro de 1923. 

Depois de ter sido vendido ao comerciante Joaquim dos Santos Lima em 1916, o paláciopassou para a posse dos CTT por doação na segunda metade do séc. XX. No final de 2010 a Administração dos CTT deixa o Palácio Sousa Leal passando a sua sede para um novo edifício no Parque das Nações em Lisboa. Actualmente restam na antiga sede histórica alguns serviços como a Provedoria. 

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