domingo, 22 de maio de 2016

Em floração: Schotia brachypetala

Planta com mais de dez anos no Jardim Botânico de Lisboa floresce pela primeira vez

Com o nome científico Schotia brachypetala, esta planta da família das leguminosas ocorre naturalmente nas áreas tropicais e subtropicais mais especificamente na África Austral, em países como Zimbabué, Moçambique, Botswana e Suazilândia.

Em Lisboa, o Jardim Botânico acolhe dois exemplares que vieram da África do Sul e que foram plantados há mais de dez anos. Ireneia Melo, investigadora principal aposentada do Jardim Botânico de Lisboa, e curadora da coleção de fungos do Herbário LISU, conta que esta planta chegou «por sementes enviadas por um Jardim Botânico da África do Sul». A investigadora explica que «é uma planta africana que pertence ao grande grupo das leguminosas onde pertencem os feijões e as ervilhas».Este ano pela primeira vez, surpreendentemente os investigadores repararam que a Schotia brachypetala floresceu. «O engraçado é que esteve durante muito tempo sem se desenvolver e este ano repentinamente viu a luz. As plantas têm coisas destas. Não é uma planta deste clima e deve ter gostado das condições deste ano, mas entretanto temos aqui uma gémea que não gostou e está pobrezinha».

Quando cresce esta árvore pode atingir entre os 5 e 16 metros de altura. Dada a folhagem decorativa e por ser uma árvore de sombra é muito utilizada nas zonas urbanas em jardins e parques. As flores são de um vermelho forte e tem umas «pétalas transformadas», diz Ireneia Melo, que acrescenta que «é uma planta dura que parece cera».

A Schotia brachypetala é rica em néctar que é muito procurada por pássaros, insetos como abelhas, mas também macacos. Curiosamente, esta planta possui uma série de utilidades alimentares, dado que as suas sementes são consumidas tostadas, mas também industriais para a produção de tintas.

Já na área medicinal são várias as propriedades benéficas retiradas da casca, folhas e raízes. Da casca já se isolou o polifenol tanino, para além disso, já se demonstrou que os extratos apresentam atividade de inibidores de monoamina oxidase que bloqueiam a ação da enzima monoamina oxidase e que são utilizados no tratamento de doenças mentais. Na medicina tradicional, as folhas e as raízes também são usadas para o tratamento da diarreia, para purificar o sangue, entre outras condições.

A Schotia brachypetala no Jardim Botânico de Lisboa floresceu na semana que antecede o 22 de maio, Dia Internacional da Biodiversidade, proclamado pela Organização das Nações Unidas, cujo tema em 2016 é “Integração da Biodiversidade para o apoio às populações e aos meios de subsistência”.

Uma forma que a Schotia brachypetala encontrou para presentear todos os visitantes do MUHNAC, o qual preparou um programa especial com diversas atividades para comemorar o Dia Internacional da Biodiversidade.

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